Peças da coleção Pelemania, confeccionadas com pele de coelhos, raposas e cabras
"Hit glamuroso da temporada. Não pode
faltar no guarda-roupa da fashionista". Esta é a afirmação contida no site
da marca de moda feminina Arezzo, em relação ao anúncio da sua coleção
Pelemania, que confecciona roupas com o uso de peles de animais.
A marca Arezzo, lançou em abril deste ano, uma
coleção intitulada “Pelemania” composta por peças feitas com peles de raposa,
coelho e ovelha. A coleção causou polêmica entre os consumidores da marca, que
se revelaram contrários ao uso de pelo de animais para a confecção dos
produtos.
A empresa começou a divulgar esta coleção a partir
de suas redes sociais, especificamente Twitter e Facebook, que
contam com aproximadamente 29.000 seguidores. No Twitter, a reação
negativa dos consumidores foi instantânea. A marca ficou na lista dos tópicos
mais citados do Brasil no período do lançamento da coleção. “#Arezzo. Que feio
usar pele de animais. Da próxima vez faz bolsa com a pele da própria designer”,
postou Eve Teixeira, no Twitter.
No Facebook, a marca começou a
apagar os posts negativos do seu perfil. “As redes
sociais são um espaço aberto para que todos possam expressar suas opiniões,
entretanto, nos reservamos o direito de retirar mensagens com conteúdo ofensivo
e agressivo”, contestou a empresa.
A assessoria da Arezzo afirmou que mais de 90% da
linha é feita com pele sintética e que apenas em uma bolsa foi usada pele de
raposa, considerada exótica. Pontuou também que as peles exóticas usadas em
seus produtos são "devidamente regulamentadas e certificadas, cumprindo
todas as formalidades legais que envolvem a questão".
Bolsa da Arezzo feita com pelo de raposa
O grupo Arezzo, anunciou no dia 18 de abril deste
ano, a retirada de produtos da coleção Pelemania de todas as lojas do país que
usavam em sua confecção pele de raposa. O presidente e fundador do grupo,
Anderson Birman, afirmou que prefere recorrer a essa medida a ter que debater
sobre o uso de pele animal.
No site da loja atualmente, há uma nota com o
título “Arezzo encerra Pelemania”, relatando que em respeito aos consumidores e
por acreditar na pluralidade de opiniões, a loja não comercializará mais
qualquer produto com pelo de animais.
Para a consultora de moda, Érica Araújo, autora do
blog Lado Fashion (www.ladofashion.com.br), a Arezzo ao
criar esta coleção acreditou que as brasileiras não se importariam em usar tais
produtos e também não avaliou que a coleção pudesse causar tanta polêmica.
Para ela, a marca agiu certo ao retirar os produtos
das lojas. "Assim, a Arezzo evitou mais protestos, ou que que os
clientes criassem uma antipatia pela marca", relata Érica.
Érica explica que as pessoas tem preferido produtos
e peças que não utilizem pelos de animais. O que ela nota é que há uma formação
de consciência nesse sentido." A tendência é essa mesmo, que cada
vez mais as pessoas se tornam mais conscientes quanto ao uso de pelos de
animais no mercado da moda", salienta.
Érica Araújo mora em Belo Horizonte e presta
serviços de consultoria de imagem on-line e presencial. É formada em Moda e
Marketing pelo Centro Universitário UNA.
"O profissional de moda, como
formador de opinião deve saber orientar as pessoas a se preocuparem com
sustentabilidade, pois este é um dos assuntos mais em voga atualmente e não
temos mais como ignorar", finaliza Érica. No blog da consultora, existe um
tópico intitulado "Sua imagem é sua marca".
Luiz Rodrigo Cunha Moura, doutorando em
Administração pela UFMG e professor do Centro Universitário UNA, falou para o
blog Ecotendência sobre a polêmica da coleção Pelemania.
Blog Ecotendência: Qual foi o principal erro
mercadológico da Arezzo?
Professor Luiz Moura: Acho que o principal erro mercadológico, foi principalmente, não ter um
plano B para caso houvesse uma reação negativa como a que houve. Depois
que aconteceu o problema, a empresa simplesmente acabou com a
campanha. Não havia uma alternativa para caso a campanha não atingisse os
seus objetivos principais.
O que você tem a dizer sobre a relevância das redes
sociais para os profissionais que traçam estratégias de marketing para as
empresas?
Quando se faz uma campanha de comunicação, o principal é você conhecer o
público-alvo dela. Como o pessoal que participa das redes sociais é
proporcionalmente mais jovem do que a população em geral, além de serem indivíduos
com maior nível de escolaridade do que a média da população, essa era uma
reação até mesmo previsível. Atualmente, os jovens fazem parte de uma
geração na qual os cuidados com os aspectos relacionados à natureza estão muito
mais presentes em sua vida desde a sua infância.
Quais medidas a Arezzo deveria tomar para tentar
reverter essa imagem negativa junto aos seus consumidores? Existe essa
possibilidade?
Para mim, a melhor coisa a fazer seria mostrar
o quanto a empresa se preocupa com os assuntos relacionados à RSC (
Responsabilidade Social Corporativa) ou então em relação a produtos ou
métodos de produção, ecologicamente corretos. A empresa tem de ser honesta e
passar a sensação de arrependimento. Isso realmente tem de ocorrer. Acho que
ela deveria parar de justificar essa coleção "pelemania", pois quanto
mais rápido as pessoas esquecerem dessa coleção, menor será o estrago em sua
marca.
E as ações de marketing ? Existe alguma a ser
implantada?
Uma das coisas mais importantes em uma marca está
relacionada ao seu brand equity (conhecimento, diferenciação, associação
e vínculo). Nesse caso, eu trabalharia as associações da marca por meio de
campanhas onde a empresa deveria emocionar de forma ímpar o público-alvo mais
sensível às questões ambientais.
Poderia associar a sua marca à uma personalidade
que tenha crédito junto a este público-alvo. Além disso, ações de relações
públicas como o "Dia da água", "Dia da árvore", denúncia
contra maus tratos a animais, entre outras, poderia gerar um credibilidade
maior em relação à marca. A Arezzo pode também fazer uma parceria com uma
empresa não concorrente como a Pedigree (Grupo Nestlé), Pfizer, dentre outras.
Um exemplo de uma ação: para cada R$ 1.000,0 reais em vendas, a Arezzo providencia
um lar para um cão.
Redação: Karina Camargos
Fontes:
http://economia.ig.com.br
http://www1.folha.uol.com.br
http://www.arezzo.com.br
Acesso em 6/5/2011 às 20h20