quarta-feira, 18 de maio de 2011

O que os olhos veem, os bichos sentem


Com a aproximação do inverno, as lojas de luxo enchem as vitrines e os olhos das mulheres com roupas feitas com pele de animais e muitas delas acabam aderindo a essa moda nada sustentável.
Na última semana de moda de Nova York, muitos estilistas trouxeram peles para as passarelas. Mesmo sendo considerada por muitos profissionais da moda como uma gafe, muitas compradoras continuam desejando vestir e usar estes itens, que remeteriam ao luxo e à riqueza.
Enquanto a Arezzo, Colcci e Iódice se comprometeram em não utilizar mais peles naturais, a Le Lis Blanc soltou um comunicado no Facebook declarando que todas suas peles possuem certificado e são oriundas de frigoríficos que vendem a carne para fins alimentícios. Porém, o uso de peles verdadeiras é uma abertura para as práticas de crueldade que causam sofrimento intenso nos animais.
Para se ter uma noção, um único casaco de pele necessita, de acordo com o material usado, de cem chinchilas ou onze raposas douradas para ser confeccionado, segundo a organização brasileira Pet Vale.
De acordo com ONG’s ambientalistas, 85% de toda a produção de peles vêm de animais criados em cativeiro. As campanhas ambientalistas são, em boa parte, baseadas em imagens do que ocorre com os outros 15%, os caçados na natureza. Não há quem não fique comovido com a imagem de um filhote de foca sendo morto a pauladas na cabeça para evitar danos ao pêlo. Todos os anos, 275.000 animais são mortos desse jeito no Canadá. Cada pele é vendida a 30 dólares.


No Brasil
Em terras brasileiras, os desfiles de Outono/Inverno também apostaram no tecido, mas os estilistas usaram pele sintética, cujo efeito é lindo e nada fica devendo à verdadeira. Esta atitude está dentro da ideia apresentada pelo deputado federal Weliton Prado, do PT de Minas Gerais, que apresentou o projeto de lei 684/2011, que visa criminalizar o uso de peles verdadeiras em eventos de moda, como, por exemplo, nos desfiles do São Paulo Fashion Week
Segundo o deputado federal Weliton Prado, do PT, a intenção surgiu após a última edição do Fashion Rio, na qual diversos estilistas brasileiros usaram peles naturais. O PL 684/2011 foi acompanhado de outro projeto, o PL 689/2011, que prevê a realização de campanhas educativas que expliquem materiais alternativos ao uso da pele. “Existem vários outros produtos que atendem o inverno brasileiro, como o tricô e as peles sintéticas, que são mais leves, mais duráveis e práticas para cuidar“, explica o deputado.
O projeto visa reforçar a ideia de que a moda precisa coexistir e se integrar-se com o meio ambiente, e o uso de peles de animais significa dizer não a essas necessidades. “O mundo todo está voltado para a questão do meio ambiente e da sustentabilidade, estamos começando a criar uma nova consciência”, afirma Welinton.
O projeto de Welinton acrescenta artigo à Lei de Crimes Ambientais (9.605/98). Para o autor, a criminalização do uso de pele de animais nas passarelas é uma forma de coibir o comércio do produto. O deputado ainda lembra que a União Europeia proíbe o comércio de produtos oriundos de pele de cães e gatos.
Inicialmente o projeto de lei restringe-se a eventos de moda, e não pode ser aplicado no comércio de roupas e outros objetos de peles não divulgados em eventos. Mas é um grande avanço por atender à nova demanda sociocultural de condenação ao uso de objetos de peles de animais.
Os projetos atualmente estão em fase de análise pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, estando abertos para mudanças. Após aprovados pela Comissão de Meio Ambiente, os projetos serão analisados pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Depois de passarem pelas duas comissões, seguem para avaliação da presidente Dilma. Se forem aprovados, viram instantaneamente lei, já que possuem caráter conclusivo, isto é, não precisam passar por votação na Câmara dos Deputados.

Redação: Matheus Baldi
Fontes: PetVale e Modaspot

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